Estava a chover e fazia frio quando a Cromos da Bola, SAD entrou em contacto com o nosso laureado treinador Manuel José. Podíamos ter feito umas pipocas e ver um filme do centenário Manoel de Oliveira, mas já tínhamos estragado os tachos todos (como se isso pudesse ser desculpa para não ver um filme do tipo). Então, pensámos noutro grande português… e o nome do Manel veio à baila. Foi só substituir “de Oliveira” por “José”.
Como a SAD não queria correr riscos desnecessários nem sair de casa devido à intempérie, efectuou uma chamada (a pagar no destinatário) e abordou o sempre afável Manel, a nossa lança em África. Fica aqui o registo.
- Manuel José, obrigado pelo seu tempo e disponibilidade para falar connosco. Como vão as coisas aí pelo Cairo?
- As coisas aqui são sempre complicadas. E não apenas por efeito do calor. Sou muito requisitado graças ao meu sucesso. Se eu quero sair à rua, tenho sempre uma legião de fãs que me segue. Agora estou aqui ao telefone e está a haver um motim junto à cabina telefónica. Com cocktails molotov e tudo! Até as burkas das egípcias vão pelo ar! No outro dia, tive uma dor de barriga e estive no WC com mais cerca de 150 egípcios que não me largavam. O que vale é que era um WC espaçoso. E havia papel higiénico. Mas toda esta azáfama dá-me cabo do sistema digestivo.
- É assim tão complicada a pressão da fama?
- É. Mas a pressão nos meus intestinos é ainda mais complicada. Naquele dia não deu para aguentar. Cancelei o treino e tive de pedir à polícia para me arranjar um WC à maneira, mas os tipos eram meus fãs e quase que deitei tudo a perder ainda antes de chegar à retrete… você percebe o que quero dizer?
- Sim, sim… Então você é mesmo uma espécie de Deus?
- Ora essa!... Não, não seria correcto da minha parte afirmar isso.
- Então?
- Sou ainda maior que Deus. Maior que John Lennon. Quero dizer, quem ganha títulos como eu ganho… eu ensinei o futebol a estes gajos! Antes, pensavam que o Abdel-Ghany era o limite! A minha fama é tanta que os egípcios adoram tudo o que é português, no geral. Menos as praias, que de areia estão eles fartos. É tudo mérito do treinador português.
- Incluindo o Manuel Cajuda, certo? Ele também andou por aí.
- Não. Ele não é português. Nunca reparou como ele fala de forma esquisita? Ele é marroquino. E existe muita rivalidade regional entre Marrocos e Egipto. Eles detestam o Cajuda como, aliás, quase todo o mundo. Eu é que sou o protótipo do treinador português. E tudo isto sem bigode, o que tornou tudo ainda mais difícil.
- Já há quem lhe chame “o faraó lusitano”…
- … e já há planos para eu ter uma pirâmide em meu nome.
- A sério?
- A sério. Eles têm lá aquela pirâmide sem nariz, ou lá o que é, e está na altura da renovação. Aquilo está devoluto. A pirâmide de Manelkhamon vai ser a 7ª, 8ª e 9ª maravilha do Mundo em simultâneo. Não é só o CR7 que é bom. Eu sou muito bom. Já lhe disse que sacrificaram mais de 500 mil crocodilos do Nilo em meu tributo? O próprio Nilo já não significa nada para os Egípcios, eu substituí-o na escala de importância.
- Bolas! …
- Eles já não rezam virados para Meca… mas sim para Vila Real de Santo António, a minha terra. Aquilo agora é local de culto. Não pensem que os árabes vão ter às costas do Algarve apenas pelo haxixe.
- Impressionante!
- Espere aí uns cinco minutos… tenho de dar autógrafos à população do Cairo, Alexandria e, com jeito, aos refugiados do Monte Sinai… senão eles imolam-se ou qualquer coisa do género…só um momento, por favor.
- Já está.
- Já? Tão rápido?
- Tenho uma fotocopiadora portátil sempre comigo. Isso e fotografias autografadas do meu esbelto perfil, que é bem melhor que o dos egípcios clássicos. O meu perfil tem um aspecto… renascentista, sabe?
- E... despachou todos?
- Sim, despacho 2 milhões por minuto e durante o Ramadão, quando eles têm menos resistência, chego aos 3 milhões por minuto. Isto no Egipto é assim. É tudo em grande.
- Bom, e quanto ao futebol português? Como vê a situação actual?
- Olhe, vejo com bastante apreensão…
- Por causa dos escândalos, não é?
- Não, porque estou cada vez pior da vista. Isto a partir dos 50 já não é como era dantes, sabe?
- Não considera trabalhar com Pinto da Costa?
- Não. Eu já nem sequer considero trabalhar. Sou demasiado bom, isso é para os escravos do Baixo Nilo.
- E a Selecção Nacional?
- Acho que já passou o meu tempo… Que horas são?
- Cinco e meia, GMT.
- Pois… Era até às cinco ou não era. Paciência.
- E para quando…
- Já está!
- Já está o quê?
- Acabei de ganhar mais uma competição enquanto estávamos aqui a falar!
- Mas… como?
- Olhe, sou tão bom que nem sei. Não sei mesmo!... Que raio de taça era esta? Bom, ganhámos pela 12ª vez consecutiva, pelo que sei. Vamos ter de parar por aqui esta conversa.
- Pronto… está bem…
- Já está ali uma multidão de egípcios com os camelos e tudo para me vitoriar. São mais de 4 milhões prontos para me abraçar…
- Ena pá!
- … e isto está fraco, o tempo não está grande coisa e os camelos fazem birra… Quando regressar a Portugal, é bom que as autoridades se preparem para receber uns quantos milhões de egípcios – eles não me largam! É incrível a paixão deste povo… e eu ainda com esta dor de barriga…Está a ouvir o ruído?
- Não…
- Pois, este foi de pantufas. Bom, vou abrir a porta. Adeus!
Como a SAD não queria correr riscos desnecessários nem sair de casa devido à intempérie, efectuou uma chamada (a pagar no destinatário) e abordou o sempre afável Manel, a nossa lança em África. Fica aqui o registo.
- Manuel José, obrigado pelo seu tempo e disponibilidade para falar connosco. Como vão as coisas aí pelo Cairo?
- As coisas aqui são sempre complicadas. E não apenas por efeito do calor. Sou muito requisitado graças ao meu sucesso. Se eu quero sair à rua, tenho sempre uma legião de fãs que me segue. Agora estou aqui ao telefone e está a haver um motim junto à cabina telefónica. Com cocktails molotov e tudo! Até as burkas das egípcias vão pelo ar! No outro dia, tive uma dor de barriga e estive no WC com mais cerca de 150 egípcios que não me largavam. O que vale é que era um WC espaçoso. E havia papel higiénico. Mas toda esta azáfama dá-me cabo do sistema digestivo.
- É assim tão complicada a pressão da fama?
- É. Mas a pressão nos meus intestinos é ainda mais complicada. Naquele dia não deu para aguentar. Cancelei o treino e tive de pedir à polícia para me arranjar um WC à maneira, mas os tipos eram meus fãs e quase que deitei tudo a perder ainda antes de chegar à retrete… você percebe o que quero dizer?
- Sim, sim… Então você é mesmo uma espécie de Deus?
- Ora essa!... Não, não seria correcto da minha parte afirmar isso.
- Então?
- Sou ainda maior que Deus. Maior que John Lennon. Quero dizer, quem ganha títulos como eu ganho… eu ensinei o futebol a estes gajos! Antes, pensavam que o Abdel-Ghany era o limite! A minha fama é tanta que os egípcios adoram tudo o que é português, no geral. Menos as praias, que de areia estão eles fartos. É tudo mérito do treinador português.
- Incluindo o Manuel Cajuda, certo? Ele também andou por aí.
- Não. Ele não é português. Nunca reparou como ele fala de forma esquisita? Ele é marroquino. E existe muita rivalidade regional entre Marrocos e Egipto. Eles detestam o Cajuda como, aliás, quase todo o mundo. Eu é que sou o protótipo do treinador português. E tudo isto sem bigode, o que tornou tudo ainda mais difícil.
- Já há quem lhe chame “o faraó lusitano”…
- … e já há planos para eu ter uma pirâmide em meu nome.
- A sério?
- A sério. Eles têm lá aquela pirâmide sem nariz, ou lá o que é, e está na altura da renovação. Aquilo está devoluto. A pirâmide de Manelkhamon vai ser a 7ª, 8ª e 9ª maravilha do Mundo em simultâneo. Não é só o CR7 que é bom. Eu sou muito bom. Já lhe disse que sacrificaram mais de 500 mil crocodilos do Nilo em meu tributo? O próprio Nilo já não significa nada para os Egípcios, eu substituí-o na escala de importância.
- Bolas! …
- Eles já não rezam virados para Meca… mas sim para Vila Real de Santo António, a minha terra. Aquilo agora é local de culto. Não pensem que os árabes vão ter às costas do Algarve apenas pelo haxixe.
- Impressionante!
- Espere aí uns cinco minutos… tenho de dar autógrafos à população do Cairo, Alexandria e, com jeito, aos refugiados do Monte Sinai… senão eles imolam-se ou qualquer coisa do género…só um momento, por favor.
- Já está.
- Já? Tão rápido?
- Tenho uma fotocopiadora portátil sempre comigo. Isso e fotografias autografadas do meu esbelto perfil, que é bem melhor que o dos egípcios clássicos. O meu perfil tem um aspecto… renascentista, sabe?
- E... despachou todos?
- Sim, despacho 2 milhões por minuto e durante o Ramadão, quando eles têm menos resistência, chego aos 3 milhões por minuto. Isto no Egipto é assim. É tudo em grande.
- Bom, e quanto ao futebol português? Como vê a situação actual?
- Olhe, vejo com bastante apreensão…
- Por causa dos escândalos, não é?
- Não, porque estou cada vez pior da vista. Isto a partir dos 50 já não é como era dantes, sabe?
- Não considera trabalhar com Pinto da Costa?
- Não. Eu já nem sequer considero trabalhar. Sou demasiado bom, isso é para os escravos do Baixo Nilo.
- E a Selecção Nacional?
- Acho que já passou o meu tempo… Que horas são?
- Cinco e meia, GMT.
- Pois… Era até às cinco ou não era. Paciência.
- E para quando…
- Já está!
- Já está o quê?
- Acabei de ganhar mais uma competição enquanto estávamos aqui a falar!
- Mas… como?
- Olhe, sou tão bom que nem sei. Não sei mesmo!... Que raio de taça era esta? Bom, ganhámos pela 12ª vez consecutiva, pelo que sei. Vamos ter de parar por aqui esta conversa.
- Pronto… está bem…
- Já está ali uma multidão de egípcios com os camelos e tudo para me vitoriar. São mais de 4 milhões prontos para me abraçar…
- Ena pá!
- … e isto está fraco, o tempo não está grande coisa e os camelos fazem birra… Quando regressar a Portugal, é bom que as autoridades se preparem para receber uns quantos milhões de egípcios – eles não me largam! É incrível a paixão deste povo… e eu ainda com esta dor de barriga…Está a ouvir o ruído?
- Não…
- Pois, este foi de pantufas. Bom, vou abrir a porta. Adeus!
[Um bruá imenso e a chamada foi abaixo.]
8 comentários:
ESpero que ninguém lhe atire um sapato à cabeça.
De qualquer forma, o meu treinador preferido seria uma mistura entre Manuel José, Jorge Jesus e Prof. Neca.
Manelze e um Deus da bola.
Mas o meu treinador favorito seria mais uma mistura de Prof Neca com Cajuda e Couceiro, com uma pitada talvez de Otavio ou Sargento Bento.
Ja estrangeiros um Souness simples sem gelo.
Luis Campos + Couceiro - (Neca x Toni) = ............. (Nem quero dizer...) Estão prontos?......... Então cá vai: QUINITO!! Pronto, ja disse......
Ivo
E que tal um Quinito com o ódio acumulado do Octávio e a voz do Vítor Manuel?
Esse era bom mas a voz tinha de ser do Mario Reis.
O Quinito sempre me lembrou o Antonio Variacoes.
Fitzx, até podia ser, mas para terminar tinha que ter a bigodaça do Carlos Manuel no tempo do clube da Fénix renascida do Salgueiral, ou então do Souness!
Ivo
Nenhum treinador é respeitável sem uma pitada de Vitor Urbano
Este épico post já me veio à memória umas 3 ou 4 vezes nos últimos dias :)
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